sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Crônicas de Mitsui: Capítulo II - Jornada

A guerra havia terminado há dois anos, o Japão vivia em serviço aos Estados Unidos, as pessoas eram escravizadas em troca de comida. Alguns ainda conseguiam se manter sozinhos, com restaurantes e lojas. Eu tinha dezessete anos, era um andarilho, viajava aos quatro cantos do Japão aprendendo o que ainda se sabia sobre artes marciais. Queria vingar o meu país.

Eu estava no centro comercial de Osaka, comprei uma espada Katana. Estava me dirigindo à saída da cidade, local pouco habitado, quando ouvi gritos de uma garota vindos de um beco. Não pensei duas vezes, fui até lá. Era uma garota linda, com longos cabelos negros e pele branca, estava com o rosto sangrando, vestia apenas suas roupas de baixo. Em volta dela, dois oficiais ingleses a molestavam. Revoltei-me, tirei a espada da bainha e gritei com raiva:

- Parem já com isso! Soltem-na!

Sem dó, cravei a espada no peito de um oficial, o outro fugiu rapidamente. A menina se encolheu na parede, estava com medo. Peguei as roupas dela do chão e as entreguei:

- Vista!

Ela vestiu, ainda com medo. Então perguntou:

- Como você se chama moço?

- Mitsui e você, como se chama?

- Anna.

- Anna? Você não é japonesa, é?

- Nasci no Brasil, aos quatro anos me mudei para Nagoya.

- Entendi. Você parece com fome, quer comer algo?

Ela afirmou com a cabeça, meio sem jeito. Fomos ao centro de Osaka e entramos em um dos poucos restaurantes que ainda funcionava na cidade.

- Você não tem família?

- Eles morreram. – respondeu Anna, com voz de choro.

- Sei como é. Meus pais também morreram, agora vivo sozinho andando de cidade em cidade.

- Tenho só dezesseis anos, não posso viver sozinha. Não quero. Deixe-me ir com você?

-Não posso te levar comigo. Você não vai querer ir aonde vou.

- Aonde você vai?

- Tenho que estar em Sapporo dentro de quatro meses. Em quatro meses os americanos enviarão novos soldados para lá e eu pretendo me infiltrar na nave e entrar nos Estados Unidos. Vou derrotar o império americano e criar um mundo pacífico.

- Você está falando sério?

- Acha que estou brincando?

- Posso ir com você ou não?

- Partiremos amanhã, ao amanhecer.

Naquela noite, ficamos em um hotel e descansamos bastante, pois tínhamos uma grande jornada pela frente.

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